quarta-feira, 26 de novembro de 2014
Coité terá primeiro casamento homoafetivo; ‘ela é minha alma gêmea’, afirma noiva
A cidade de Conceição de Coité, localizada a 179 Km de
Salvador, poderá ter o seu primeiro casamento homoafetivo celebrado nos
próximos 30 dias. Nesta segunda-feira (24), Gildean Almeida Gomes, 39
anos, e Maria Mendes, 45, apresentaram os documentos perante o juiz da
Comarca da cidade, Gerivaldo Neiva, pedindo o casamento. Na entrega dos
documentos, que já foi uma espécie de pré-cerimônia de casamento
realizado no Centro de Assistência Psicosocial (CAPS), as duas contaram
que querem se casar para ter uma segurança sobre os seus direitos de
casal e combater o preconceito. “Elas elencaram alguns pontos. Elas se
amam muito, elas querem ter uma segurança sobre direitos que os casais
héteros têm e desejam também encorajar pessoas que já são um casal
homoafetivo, mas não se sentem seguras para casar”, disse o juiz.
Mãe de um filho, que faleceu este ano, Cristina disse viver o
momento dela com Gildean “24 horas por dia”. “Uma ajuda a outra, a
relação é muito completa. Não tenho vergonha nenhuma de assumir minha
relação. Esse é o momento mais feliz da minha vida”, contou ao site
Calila Notícias. Segundo Gildean, a decisão de tornar o namoro em um
casamento civil foi “por um sentimento mais forte”. “É como se fosse
minha alma gêmea mesmo. O mesmo amor que sinto por ela, ela sente por
mim. A gente se combina”, declarou-se.
De acordo com o magistrado, a cerimônia foi “muito emocionante” e
contou com a participação das famílias das noivas. “Elas fizeram muitas
declarações e queriam reunir as famílias e os amigos para ver aquele
momento. São duas pessoas dispostas a enfrentar o preconceito”, contou
Neiva. Na avaliação dele, apesar de ser o primeiro casamento a ser
celebrado na cidade, o passo é muito grande. “Não senti uma coisa
normal. Coité é uma cidade muito conservadora e duas mulheres assumirem
uma postura assim... é um momento histórico que marca uma travessia
importante”, frisou o magistrado. Segundo ele, hoje, para o Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), “não tem diferença no processo entre um casal
gay e hétero”. “Elas apresentam os documentos de certidão de
nascimento, essa habilitação vai para o Ministério Público e, num prazo
de até 30 dias, elas se casam”, explicou.
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