terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Guerra do tráfico pode prejudicar alunos após extinção de escola no Lobato; MP investiga

Guerra do tráfico pode prejudicar alunos após extinção de escola no Lobato; MP investiga
Foto: Google Street View
Primeira instituição do Subúrbio de Salvador, a Escola Municipal São Roque do Lobato será extinta pela prefeitura nos próximos meses. E em meio a uma guerra do tráfico, as decisões da gestão para reverter os impactos negativos podem não ser suficientes para tranquilizar a população local. A extinção ainda não foi divulgada no Diário Oficial do Município (DOM), mas foi confirmada ao Bahia Notícias pela Secretaria de Educação e, inclusive, já é investigada pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA). Segundo o Diário da Justiça de segunda-feira (18), o fechamento é alvo de um inquérito do Grupo de Atuação Especial de Defesa da Educação (Geduc), que deve avaliar a "eventual violação do direito à educação de seu corpo discente". Autor da representação no MP-BA, o vereador Hilton Coelho (PSOL) afirma que o maior problema é a escolha da instituição que vai receber os alunos: o colégio municipal Eufrosina Miranda fica localizado do outro lado da Avenida Suburbana, que seria território de uma facção rival. “Apesar de não ser longe, tem esse problema da divisão de territórios. As famílias ligadas ao tráfico, mesmo que indiretamente, não podem passar pro outro lado nem para fazer compras. As crianças não têm culpa, mas é uma situação que existe e a prefeitura tem conhecimento disso. A preocupação existe”, acusou o vereador. A informação foi confirmada pelo coordenador-geral da associação de moradores do Lobato, Vando Moreira. “Os filhos ou parentes de pessoas ligadas ao tráfico não podem ir e fora do Lobato não existem escolas municipais próximas. Isso vai gerar um custo para as famílias. Tomaram uma decisão sem conversar com a comunidade. Até hoje não sabemos porque estão fechando”, criticou Moreira. Segundo o líder da comunidade, outro problema é o dinheiro que foi gasto para a reforma do prédio. “Em 2009, nós abrimos um TAC no MP para a reforma da escola de São Roque. Até hoje ela não foi concluída. Isso é dinheiro público jogado no ralo. Todo trabalho que era desenvolvido aqui foi jogado fora”, lamentou. Em nota, a Secretaria Municipal da Educação (Smed) informou que a Escola Municipal São Roque do Lobato funcionava em um imóvel alugado e com “condições de infraestrutura não recomendadas”. “Avaliações técnicas apontaram que uma nova reforma no espaço seria inviável, por isso, os alunos da unidade escolar foram transferidos para a Escola Municipal Santa Luzia do Lobato, que fica a uma distância de cerca de 100 metros, e para a Municipal Eufrosina Miranda, que fica do outro lado da rua”, diz o texto. Os professores e funcionários serão realocados em outras unidades do município. A Smed garante que todas as mudanças foram acordadas com a comunidade escolar. Questionada sobre o problema entre as facções, a pasta informou que todos os alunos têm o direito de solicitar a transferência de unidade durante o procedimento da matrícula. Mesmo assim, o vereador Hilton Coelho afirma que é necessário acompanhar o caso para encontrar uma solução melhor para a comunidade. “Hoje Salvador está em situação de conflito. Visitamos mais de uma centena de escolas e esse problema é extremamente recorrente. Os alunos não têm condições de atravessar para outras regiões e isso vai levar à evasão. Aí pode surgir outro problema e a prefeitura dizer que não tem demanda, quando isso não é verdade”, alertou.

saiu: www.bahianoticias.com.br/

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