terça-feira, 30 de setembro de 2014

Vota Bahia: candidatos trocam acusações no debate da TV Aratu

A TV Aratu transmitiu na noite desta segunda-feira (29) o Debate Vota Bahia, dentro da parceria da cobertura das eleições realizada entre os grupos Aratu, A Tarde e Metrópole. Participaram do embate, mediado pelo apresentador Casemiro Neto, Lídice da Mata (PSB), Rogério da Luz (PRTB), Rui Costa (PT), Marcos Mendes (Psol) e Paulo Souto, do DEM. 
 

Cinco candidatos ao governo participaram do debate com mediação de Casemiro Neto. Foto: Nestor Carrera/Aratu Online
 
O debate foi marcado por denúncias de corrupção dentro da Ebal, por discussões relacionadas à segurança pública e também pelo relacionamento do governo com o funcionalismo público. O tom foi de ataques dos candidatos do Psol, PRTB e PSB ao ex-governador Paulo Souto e ao candidato da situação, Rui Costa, que lideram as pesquisas de intenções de votos. 
 
O primeiro bloco do Vota Bahia começou quente, com perguntas elaboradas pelos próprios candidatos. Rogério Da Luz questionou Souto em relação à segurança pública. Ele defendeu que o candidato do DEM vem atacando o atual governo devido às 37 mil mortes no período da administração do PT, mas que quando Souto estava no cargo, o número de mortes também foi elevado. Da Luz, então, questinou "Seria o seu governo o governo da violência?". 
 
Souto respondeu dizendo que os números defendidos pelo adversário não seriam verdadeiros. Para ele, o número exato do Mapa da Violência seria uma média que, em sua administração, ficou em 2.600 e, agora, estaria em 5.200. "A média subiu em 100% na atual administração", acusou Souto. "Se o governo atual tivesse mantido os índices do meu, 20 mil vidas haveriam sido poupadas". Da Luz, então, imediatamente disparou: "Souto quer manter a taxa de homicídios ao invés de zerar a violência. Os assassinos deste último governo foram as pessoas que o senhor não protegeu. Sem a educação que o senhor não forneceu assassinos foram criados e cometeram os 37 mil assassinatos do governo atual. Eu quero investir em educação para zerar a violência, não manter a taxa de homicídios". Souto reagiu: "Não coloque palavras em minha boca. Eu disse que, se tivesse ao menos mantido, teríamos poupado 20 mil vidas. Evidente que seria melhor reduzir. Estamos falando em 170 assaltos a bancos e ataques a caixas apenas esse ano. Um verdadeiro holocausto em 8 anos". 
 
Ainda em relação à segurança pública, Lídice questionou Rui Costa sobre os 80% de aumento nos índices de violência no governo Wagner, além de duas greves da Polícia Militar. Rui defendeu seu partido ao dizer que em 2007 Wagner "recebeu a segurança sucateada". "Mais de 200 municípios sequer tinham viatura, 150 estavam sem delegado. Policiais não recebiam ticket alimentação. Muita coisa mudou. Hoje tem armamento, colete, viaturas pra todos. A infraestrutura melhorou. Precisamos avançar nos indicadores. Vamos aumentar o número e policiais civis, delegados e policiais militares. Vamos fazer parcerias pra monitorar as cidades com câmeras pois elas aumentam a eficiência do policiamento", disse o candidato do PT. 
 
Lídice, então, disse que o PT investiu em equipamentos e esqueceu de cuidar da vida das pessoas. "Quero cuidar da vida das pessoas como prioridade. Faremos um diálogo com policiais e a formação de uma forte rede, garantindo aos jovens negros da periferia condições de inclusão social, educação e oportunidades", disse a candidata. Rui respondeu dizendo ter certeza que nenhum estado brasileiro está satisfeito com os atuais índices de violência. "Todos são muito altos. Eu não quero ficar preso a índices, como se a vida humana pudesse ser reduzida. Vamos valorizar os profissionais que nesse período tiveram o maior aumento da história, mas de 60%", concluiu Rui. 
 
Paulo Souto usou sua pergunta para questionar Da Luz sobre o PIL, o Programa de Investimentos em Logística. Da Luz admitiu não saber do que se tratava e considerou a pergunta uma forma de tentar humilhá-lo. O candidato do DEM respondeu que o PIL contemplava três ferrovias para a Bahia e que em três anos nada foi feito. Ainda incomodado com a pergunta, a reação do candidato do PRTB foi forte: "O senhor tem 73 anos e deveria se aposentar!". 
 
Segunda Rodada - perguntas dos jornalistas
Nesta segunda rodada do debate, os jornalistas que integram os grupos que formam o Vota Bahia puderam fazer questionamentos aos candidatos. Quem iniciou esta etapa foi Mário Kertész, que perguntou a Marcos Mendes como ele pretende administrar a mobilidade urbana sem investimentos privados. O candidato psolita falou da OAS e da Odebrecht e afirmou que o que vale hoje é a ditadura das obras. "As atuais políticas favorecem grandes empresas sem favorecer a população. Poderíamos discutir um sistema de mobilidade estatizado. Precisamos discutir com os movimentos e a sociedade". Comentando a resposta, Lídice da Mata afirmou que vai manter o metrô e vai integrar, caso seja eleita, com Veículos leves sobre trilho ate Cajazeiras e, nas demais cidades, governar com os prefeitos. 
 
Nesta mesma rodada, a jornalista Regina Bochicchio, do A Tarde, questionou Paulo Souto sobre as acusações do PT de que o seu partido teria comprado a reportagem publicada pela Veja. A matéria se referia a um suposto esquema de corrupção em que o Partido dos Trabalhadores teria desviado dinheiro público através da ONG Instituto Brasil. Paulo Souto disse: “Isso é uma atitude direcionista. As irregularidades foram levantadas pelo Ministério Público, nós não temos nada a ver com isso. O relacionamento do governo (estadual) com o Instituto Brasil acontece através de diversos convênios”, disse. 
 
Ao comentar sobre o tema, o candidato Marcos Mendes atacou Paulo Souto. “É o sujo falando do mal lavado. Eu queria candidato (Paulo Souto), que o senhor falasse sobre os casos de corrupção no seu governo”. Paulo Souto rebateu: “Todas as acusações que foram feitas contra mim, eu fui à Justiça, e as pessoas que me atacaram foram condenadas em 1ª e 2ª instâncias”, concluiu. 
 
Quando questionado pelo candidato Marcos Mendes sobre o pagamento da URV aos servidores do Executivo, Paulo Souto disse: “A minha posição é negociar junto aos servidores, a melhor alternativa para resolver essa questão”, disse. Marcos Mendes não aceitou a resposta: “mais uma vez ele tangenciou a questão. Por que você judicializou a questão no seu governo?”. Paulo Souto rebateu: “já disse que quero discutir a decisão judicial junto com o funcionalismo. A minha posição é muito clara”, finalizou. Marcos Mendes havia levado ao debate uma carta com um texto de comprometimento pelo pagamento da URV que deveria ser assinado por todos os candidatos. 
 
Ainda no segundo bloco, Lídice da Mata perguntou a Marcos Mendes sobre a revitalização da Bahia do Rio São Francisco. Mendes afirmou que Paulo Souto é geólogo e só deixou, em seu governo, um milhão de metros cúbicos de disponibilidade de água. Marcos Mendes disse ainda que o modelo de carro pipa é bom para ganhar alguns votos no interior.Lídice mostrou uma proposta para garantir os recursos hídricos do Rio São Francisco e quer diminuir os efeitos que a transposição está fazendo de mal mo rio. Na tréplica, Marcos Mendes disse que a Empresa Baiana de Desenvolvimento agrícola está quebrada.
 

Moradores da capital foram convidados a fazerem perguntas aos candidatos. Foto: Nestor Carrera/Aratu Online
 
Perguntas dos telespectadores convidados
Abertas as perguntas da população, a primeira foi do estudante Samuel Lacerda ao candidato Rui Costa. O questionamento foi sobre o piso salarial de professores e médicos. Rui afirmou que sua infância foi na escola pública e disse que vai viajar pelo interior para acompanhar a qualidade da educação. Ainda assim, o candidato disse que quer multiplicar os bons exemplos de meninos que tiveram tudo para ir para o caminho do mal, mas não foram.
 
Na segunda pergunta, o morador do Imbuí, Gabriel, perguntou a Marcos Mendes sobre como o candidato pretende adquirir dinheiro. Marcos afirmou que a Bahia tem o sexto maior PIB do Brasil e que os outros políticos enganam a população que não tem dinheiro. O psolista disse ainda que vai valorizar os servidores estaduais.
 
Na terceira pergunta, Jamile Carla, moradora da Santa Cruz, questionou Lídice da Mata sobre a questão da infraestrutura das creches. A candidata afirmou que vai garantir às mulheres o local onde deixar os filhos para trabalhar. Ainda assim, a candidata disse que pretende conquistar dinheiro do Governo Federal para ajudar os municípios na construção e manutenção de creches.
 

Na penúltima pergunta, Siqueira Júnior quis saber a posição de Paulo Souto sobre segurança pública e a contratação de policiais. O candidato afirmou que há algumas questões importantes, como uma melhor distribuição do contingente, além de colocar alguns policiais que fazem trabalhos internos nas ruas para combater o crime.
 
No último questionamento dos populares, Demétrius Cruz perguntou sobre violência a Da Luz. O candidato afirmou que vai fazer parcerias com igrejas que queiram fazer a recuperação do ser humano, além de fazer também parcerias com creches.
 
Segunda rodada de perguntas dos candidatos
Na segundo etapa das perguntas que os candidatos poderiam fazer entre si, Marcos Mendes perguntou a Rui Costa sobre o porque do petista ter resgatado “carlistas”, a exemplo de Otto Alencar. Rui Costa foi enfático ao dizer: “Tenho orgulho de ter o meu candidato ao Ssenado do meu lado”, e perguntou: “Faz algum sentido votar na Dilma e votar contra a Dilma na Bahia?”. Na réplica, Marcos Mendes afirmou que Otto Alencar pode ter quebrado a EBAL e acusou o candidato ao Senado de ter privatizado a saúde na Bahia. Rui Costa disse: “Quem quebrou a EBAL tá aqui do meu lado”, se referindo a Paulo Souto.
 
O assunto voltou a render quando a jornalista Regina Bochicchio teve mais uma oportunidade de questionar os candidatos e o escolhido foi Rui Costa. Ela insistiu na pergunta sobre a participação de Otto no possível processo que levou à crise da Ebal. Rui voltou a afirmar que o responsável foi Paulo Souto e que Otto Alencar estava no Tribunal de Contas na época. A afirmação foi contestada por Marcos Mendes que acusou Otto de ter se beneficiado através da Ebal. "A Ebal quebrou por um rombo. Esse projeto de poder não tem limites", finalizou o candidato do Psol. 
 
O debate Vota Bahia este ano trouxe como novidade o aplicativo que, entre outras funções, permitia ao usuário votar em qual candidato se saiu melhor neste embate. Paulo Souto foi o mais votado, com 47,1%.

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