sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Com elevadores quebrados, corpos no IML são transportados à vista de parentes: 'Constrangedor'

Problema durou quatro dias, e parentes dos mortos estão indignados com a situação

Com os três elevadores da sala de necropsia quebrados, há quatro dias os corpos do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR) são levados para a geladeira em carros-prancha, que são vistos facilmente circulando pelo estacionamento do IMLRN. Apesar de os corpos estarem cobertos durante o transporte, parentes dos mortos não escondem a indignação.
Segundo funcionários do IMLNR, desde segunda-feira, os três elevadores – dois na parte interna e um na área externa da sala de necropsia – estão quebrados por falta de manutenção. Postos em carros-prancha, os corpos cobertos com um lençol passam por uma rampa que liga a sala de necropsia, que fica no primeiro andar do prédio, ao estacionamento, para então serem levados para a geladeira, no andar térreo.

Enquanto elevadores estão quebrados, corpos no IMLNR são transportados em carros-prancha
 (Foto: Bruno Wendel) 















“Isso é um absurdo, degradante. Além de ser cansativo, porque temos que subir e descer essa rampa com o cuidado para o corpo não cair, tem o fator que os parentes dos mortos ficam horrorizados com tamanho constrangimento”, disse um funcionário. 
A empresa responsável pela manutenção preventiva e corretiva é a Orona AMG Elevadores. Segundo um funcionário, um orçamento de conserto já foi enviado para IMLRN e aguarda a aprovação. Ainda de acordo com ele, um elevador está com o motor quebrado, outro com as portas arrebentadas e o terceiro com a estrutura da cabine totalmente deteriorada. “Já apresentamos uma proposta para modernizar os equipamentos, porque os elevadores são muito velhos”, disse o funcionário da Orona AMG Elevadores.
Indignação
Ao caminhar pelo estacionamento, parentes de Luís Paulo Baião Pestana, 26 anos, morto a tiros nesta madrugada na Fazenda Grande do Retiro, deram de cara com o transporte de um dos cadáveres no carro-prancha. O irmão e a mulher de Luís Paulo entraram em pânico e precisaram ser amparados por familiares e funcionários das funerárias. 
“Isso é uma grande falta de respeito com os familiares. Eles acreditaram que o corpo era o de Luís Paulo e entraram em desespero. As pessoas já chegam aqui fragilizadas e ainda têm que passar por essa situação?”, indagou, revoltado, um tio da vítima. 
A indignação foi a mesma dos parentes do adolescente Luan de Jesus dos Santos, 16, morto pela polícia na noite desta quarta no bairro de Tancredo Neves. “Isso expõe ainda mais a dor da família. É constrangedor. Eles deveriam resolver logo isso e não deixar essa situação degradante por dias”, declarou a dona de casa Arlete Barbosa, 31, tia de Luan. 
Impacto
Diante da situação, o CORREIO procurou a opinião de um especialista em situações de luto. "Realmente, há um impacto. As pessoas que estão ali estão muito fragilizadas. É uma situação totalmente desrespeitosa com o familiar. Os profissionais que trabalham lá já lidam com isso de forma muito tranquila, até como uma forma de defesa para eles mesmo, mas quem está ali, um familiar, pra gente que não está acostumado, já é impactado. Às vezes a pessoa não tem certeza, está procurando um familiar e de repente passa um corpo, a pessoa já fica naquele estado de alarme", explicou a psicóloga Daniela Lemos.

A assessoria do Departamento de Polícia Técnica informou que a manutenção dos elevadores foi finalizada, e o serviço, restabelecido.
saiu;www.correio24horas.com.br

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