domingo, 22 de abril de 2018

O preconceito começa cedo e se transforma em violência

Muitas vezes, as violências transfóbica e homofóbica começam desde cedo tanto no ambiente familiar quanto escolar e evoluem para agressões sérias no espaço público. Essa é a opinião de Ângela Moisés a partir de sua experiência como integrante da Associação de Mães pela Diversidade.
Ângela, que viu sua filha ser apedrejada somente por ser lésbica, considera que a família é uma das principais, se não a principal responsável pela perpetuação do desrespeito ao outro. Como solução, a mãe lista no vídeo acima atitudes que os pais e as mães podem tomar quando precisam lidar com a notícia de que seus filhos são homossexuais.
Do ambiente familiar para as ruas, a homofobia se concretiza de diversas formas: desde comentários ofensivos e xingamentos, até atos de violência física que matam.
O Relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil, da Secretaria de Direitos Humanos, apontou o recebimento, pelo Disque 100, de 3.084 denúncias de violações relacionadas à população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), envolvendo 4.851 vítimas, no período de um ano. O documento de 2012 é a fonte mais recente de dados oficias do governo sobre a violência LGBT.
Em relação ao ano anterior, houve um aumento de 166% no número de denúncias – em 2011, foram contabilizadas 1.159 denúncias envolvendo 1.713 vítimas.

Denúncias de violações relacionadas à população LGBT recebidas pelo Disque 100


Fonte: Relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil, publicado pela Secretaria de Direitos Humanos em 2012.

Total de vítimas LGBT envolvidas nas denúncias recebidas pelo Disque 100


Fonte: Relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil, publicado pela Secretaria de Direitos Humanos em 2012.
O Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. Entre janeiro de 2008 e março de 2014, foram registradas 604 mortes no país, segundo pesquisa da organização não governamental (ONG) Transgender Europe (TGEU), rede europeia de organizações que apoia os direitos da população transgênero.
Cartunista Larte utiliza humor para combater transfobia. Foto da cartunista Laerta em primeiro plano, antes da entrevista ao programa Espaço Público.
Laerte é transexual e utiliza o humor nos seus cartuns para combater pensamentos conservadores.

Preconceito ou incompreensão?

Enquanto a incompreensão é a incapacidade de perceber o significado de algo, o preconceito é definido como sentimento hostil, assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio. Em outras palavras, intolerância. Na visão da cartunista Laerte Coutinho, as distorções de conduta - que levam a diferentes atos de violência - se devem mais ao preconceito do que à incompreensão. Para a artista, não basta que a família mude sua postura:
“As escolas também precisam se envolver. Não dá para deixar só na mão da família. Esse é um ponto de vista idiota de manutenção do sofrimento.”

Cenário de violência online e offline

Se na vida "real" a homofobia é muito presente, nas redes sociais ela se amplifica. São cotidianos os casos de usuários ofendidos e perseguidos na internet por sua orientação sexual fora do padrão heteronormativo. Apesar da aparente intensidade, o deputado federal, Jean Wyllys (Psol-RJ), entende que as falas das redes sociais não podem ser vistas como verdade absoluta:
“Não se deixe impressionar pela quantidade de xingamentos. Há muito mais gente amorosa, mais gente que gosta. O fato é que o amor é silencioso e o ódio, diligente.”
Apesar dos cenários desfavoráveis, quem vive o preconceito aponta o amor como resposta aos números alarmantes de violência homofóbica. Na visão de Júlio Pinheiro, coordenador da Parada LGBT de Brasília, a felicidade e o apoio podem contribuir para desconstruir todo um passado de violência:
“O objetivo do preconceito é o mesmo daquele menino que te batia na escola quando criança. Ele não quer ou consegue te ver feliz.”
saiu:www.ebc.com.br

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