Moradores da comunidade conhecida como Casinhas, localizada no bairro de Itinga, denunciaram na tarde deste sábado (5) a ação realizada pelo Pelotão de Emprego Tático Operacional (PETO) e policiais da 81ª CIPM.
Segundo moradores a viatura da PETO, com quatro policiais, entrou na comunidade e dirigiu-se a um grupo de moradores que estavam perto de uma motocicleta do tipo cinquentinha, que segundo os policiais, havia sido utilizada na fuga de dois bandidos.
Os policiais perguntaram “pelos fugitivos” e em seguida carregaram a moto e a colocaram na viatura. Um morador, irmão da dona da moto, chamou a proprietária para que a mesma apresentasse os documentos, e evitasse que a moto fosse levada. Os policiais agrediram o morador, mesmo ele estando com um recém-nascido de dois meses no colo.
A proprietária apresentou os documentos e disse que a moto estava com ela e que a mesma havia chagado do mercado. Ela apresentou a nota de compra pra comprovar seu alibe, mas foi ignorada pelos policiais.
Ao ver o esposo sendo agredido pelos policiais, Adriane, mãe do renascido, foi em defesa de sua família e também foi agredida com chutes e socos pelos policiais. Um garoto de oito anos de idade que estava com um celular e filmava toda ação foi duramente repreendido por um dos policiais que perguntava sobre sua mãe. Ao ver a movimentação, Andreia mãe do garoto, saiu de casa, pegou o garoto, o celular, retornou à sua residência e fechou a porta.
Um dos policiais arrombou a porta, invadiu a casa e também agrediu Andreia. Em seguida conduziu todos à 27ª delegacia, onde não havia delegado. Foram então, reconduzidos para a 23ª no centro da cidade, onde funciona o plantão metropolitano.
O movimento social foi acionado e o Coletivo de Entidades Negras (CEN), CMA Hip Hop, Conselho de Igualdade Racial (CMPIR) e o advogado Apio Vinagre acompanharam o depoimento das vítimas. A Superintendência de Direitos Humanos da Secretaria de Justiça monitorou toda a situação e já acionou o comando da polícia, pedindo explicações. O CMPIR já chamou uma reunião extraordinária e já admite a possibilidade de pedir o afastamento do comandante da 81ª, até que as investigações sejam concluídas.
Michele Brito, coordenadora do CEN em Lauro de Freitas, afirma que esse tipo de abordagem tem se tornado comum nos bairros periféricos. Mulheres tem sido espancadas por policiais, revistadas e muitas das vezes têm sua intimidade invadida. Para ela é necessário reeducar a polícia e mostrar para os mesmos que as comunidades pobres são habitadas por cidadãos e que a mesma postura, não seria aplicada em um bairro nobre. “o racismo da polícia precisa ser radicalmente combatido” Afirma.
Para o Dr. Apio Vinagre, advogado e assessor da secretaria estadual de justiça o modus operandi da polícia precisa ser revisto. “É necessária uma efetiva mudança na relação das nossas polícias com a nossa comunidade mais carente, notadamente com o povo negro da nossa sociedade. Não se pode adotar como prática normal a compreensão do acusar, agredir e conduzir a procedimento policial, que não deixa de ser uma ação constrangedora, simplesmente por entender ser alguém acima de qualquer tipo de questionamento da comunidade. Em nosso entendimento os fatos desta tarde poderiam ser evitados com um minimo bom senso e principalmente de equilíbrio. A expectativa é de que os danos causados às família sejam devidamente averiguados e solucionados a contento.”
Por: Ricardo Andrade
saiu: ww.jornalfolhapopular.net.br
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