domingo, 25 de março de 2018

Família de morto na Rocinha denuncia que PMs 'chegaram atirando durante baile funk'

Matheus, de 19 anos, é um dos sete mortos durante troca de tiros entre PMs e bandidos na Rocinha

RIO - Familiares de Matheus da Silva Duarte, de 19 anos, um dos oito mortos após ação do Batalhão de Choque (BPChoque) na Rocinha na manhã deste sábado, denunciam que os policiais chegaram atirando contra frequentadores de um baile funk na localidade da Roupa Suja. Márcio Duarte de Oliveira, de 45 anos, pai de Matheus, negou que ele fosse bandido, e falou que os agentes deram tapas e bateram em moradores que estavam no evento, por volta das 5h50m.
- Meu filho era inocente, ele não tem nenhum envolvimento com tráfico. Tem que ter justiça - disse o cobrador de van que mora na Rocinha.
Segundo familiares, Matheus estava procurando emprego. Ele morava com a avó paterna na localidade da Fundação, e foi morto com um tiro nas costas pelos policiais.
- Meu filho foi morto com um tiro de fuzil pelas costas. Isso não existe. Tem que acabar. Eu tenho consciência de que PM tem família, mas os policiais não têm essa consicência de que morador de favela também tem família - disse a mãe de Matheus, que não quis se identificar.
Júlio Morais de Lima, outro morto na ação da PM neste sábado
Júlio Morais de Lima, outro morto na ação da PM neste sábado Foto: Reprodução
Outro morto na ação foi o auxiliar de serviços gerais Júlio Morais de Lima, de 23 anos. Familiares, que preferiram não se identificar, contaram que ele foi atingido no horário que costumava sair para trabalhar.
- Ele trabalhava numa churrascaria. Começou a trabalhar lá ano passado. Eu estava saindo de casa quando um amigo disse que ele tinha sido baleado. Vim pro hospital, mas ele já estava morto. Ele era trabalhador, não era vagabundo. Todo dia tem tiroteio e ele foi mais uma vítima do que acontece na comunidade. Júlio era trabalhador e vou correr atrás para provar isso - disse o familiar, que não soube dizer se o rapaz estava saindo para trabalhar ou se estava saindo do baile funk.
MORADORA VIU AÇÃO
Uma moradora que não quis se identificar viu quando PMs arrastaram os corpos das vítimas para dentro da viatura. Ela disse que é comum moradores sem envolvimento com o tráfico serem abordados de forma truculenta pelos agentes.
- O baile (na quadra da localidade Roupa Suja) tinha acabado e a molecada estava conversando. De repente, os PMs saÍram do túnel pulando do carro e já atirando com o carro em movimento. Os meninos se assustaram e saíram correndo. Todo dia eles batem nos moleques. Batem na cara, acham que todo mundo é bandido. Em vez de averiguarem, pedir documentos, já saem batendo, ameaçam com faca ou arma. Não é todo mundo que mora na favela que é bandido. Meu filho de 16 anos saiu para comprar pão e levou um tapa na cara - contou.
Pelo menos oito pessoas morreram durante um tiroteio entre policiais e criminosos na favela. De acordo com a Polícia Militar, os baleados chegaram a ser socorridos e levados para o Hospital Miguel Couto, mas não resistiram. O caso está sendo investigado pela Divisão de Homicídios. O Grupamento Aeromóvel (GAM) realiza monitoramento aéreo e o cerco na região foi reforçado.
Segundo a PM, o confronto teve início quando agentes do Choque foram atacados na Rua 2 e na Roupa Suja. Fforam apreendidos um fuzil, seis pistolas e duas granadas. Pelo menos uma pessoa foi presa. A PM está em ação continuada na comunidade da Rocinha desde setembro de 2017.
saiu:extra.globo.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário