domingo, 18 de fevereiro de 2018

Após longa negociação, rebelião em presídio de Japeri termina, e reféns são liberados

 Policial conversa com familiares de presos

A rebelião no presídio Milton Dias Moreira, em Japeri, acabou no final da noite deste domingo. Depois de longa negociação, os 18 reféns (sendo oito agentes penitenciários e dez internos) foram liberados. A polícia apreendeu duas pistolas, um revólver, uma granada, além de uma lanterna. Os agentes do Grupo de Intervenção Tática (GIT) estão fazendo uma revista nas celas e o confere dos presos.
A represália começou na tarde de domingo, depois de uma tentativa frustrada de fuga de detentos armados. Equipes dos batalhões de Choque e de Operações Especiais (Bope) foram enviadas para a unidade, que abriga 2.051 internos.
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra detentos, muitos deles cobrindo os rostos com camisas brancas, durante a rebelião dentro do presídio. É possível ouvir barulhos de tiros. Um dos presos chega a gritar: "A bala comendo, a bala comendo".
Durante a represália, três presos ficaram feridos numa troca de tiros com policiais. Por causa da rebelião, foi convocada uma reunião de emergência no Centro Integrado de Comando e Controle do estado, na Cidade Nova. Autoridades discutiram a possibilidade de a PM reforçar a vigilância em outras prisões: relatórios de serviços de inteligência classificam como “críticas” as condições de pelo menos 12 penitenciárias. A crise no sistema carcerário representa o primeiro grande desafio da intervenção federal no Rio, que, decretada na sexta-feira, é conduzida pelo general Walter Braga Netto, responsável pelo Comando Militar do Leste. Ontem, ele recebia, em Brasília, informes do secretário de Administração Penitenciária, David Anthony, de cada desdobramento da situação em Japeri.
A rebelião aconteceu logo após a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) decretar alerta máximo em 54 cadeias do estado por conta do risco de represálias à intervenção federal na segurança pública do Rio. Com o alerta máximo, as fiscalizações nas celas passa a ser feita com uma frequência maior do que a habitual. Quando a intervenção federal foi anunciada, na última sexta-feira, autoridades informaram que as Forças Armadas farão patrulhamento ostensivo nas ruas, operações em comunidades e varreduras em presídios. Em nota, o secretário David Anthony disse que, no mesmo dia, “medidas foram adotadas com o objetivo de impedir a instabilidade do sistema carcerário”, que tem capacidade para 26 mil detentos, mas que opera com praticamente o dobro — 51 mil.
Foi justamente o risco de “instabilidade no sistema” que levou a Seap a decretar o alerta máximo nos presídios. Isso, segundo fontes do setor, acirrou ainda mais os ânimos. A medida, nas palavras de um agente penitenciário que pediu anonimato, foi tomada em um momento de “vácuo de poder”: a intervenção federal já está em vigor, mas ainda sem detalhes de planejamento definidos nem mudanças nas polícias Civil e Militar, no Corpo de Bombeiros e na própria administração penitenciária, apesar de o general Braga Netto ter carta branca para fazê-las.

saiu: extra.globo.com

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