segunda-feira, 3 de setembro de 2018

II Encontro Nacional LGBT do MNU – Vidas LGBT’s.



Acoteceu em agosto de 2018, o Movimento Negro Unificado realizou o II Encontro Nacional LGBT do MNU – Vidas LGBT’s importam: garantindo direitos e reafirmando pertencimento no MNU. Acumulamos durante os momentos formativos do nosso II Encontro, discussões de raça pensando à inclusão das questões raciais e de classe na luta LGBT das negras e negros do MNU, assim como do Movimento Negro como um todo.
Nesse aspecto, é importante reconhecer que os marcadores sociais estruturantes nas diferenças de gênero e sexualidade também são atravessados pelas relações raciais, reflexão essa necessária para o alcance das lutas, rompendo com a lógica de hierarquização das opressões afim de construir as lutas a partir da interseccionalidade, logo, firmando o quanto as identidades são múltiplas e precisam serem pontuadas e reafirmadas na luta.
Diante disso reunimos nesse documento apontamentos necessário para o Movimento Negro Unificado e para o fortalecimento do Coletivo LGBT do MNU:
▪Defender a importância do papel político das(os) militantes para garantir os debates sobre as dissidências sexuais e de gênero nos espaços de religião de matriz africana. Precisamos entender que os corpos se estabelecem nos espaços à partir das relações de poder que estão postas na sociedade, e que consequentemente reverbera nos espaços de candomblé e produz essa (in)exclusão de pessoas trans e dissidentes de gênero nesses espaços. É um resultado do processo de colonização através das perspectivas biologizantes que colocam esses corpos num local patológico que não pode ser evidenciado;
▪Discutir os reflexos da ação da Heteronormatividade nos espaços escolares na formação de crianças e adolescente. O estranhamento sobre as dissidências de sexualidade e gênero não surge por elas serem o que são na construção do espaço escolar, mas sim a partir da visão heteronormativa cisgênera que a sociedade impõe;
▪Refletir sobre como a heteronormatividade se coloca enquanto eixo de produção do discurso contra as sexualidades outras. A posição da heterossexualidade compulsória, impele a construção desse modelo das masculinidades e feminilidades hegemônicas que estrutura o pensamento social. Devemos evidenciar que dentro das construções do pensamento heteronormativo, a posição dos sujeitos trans que subvertem essas hegemonias e impelem a construção de uma nova performance das identidades e dos discursos. E por isso, temos que construir essa responsabilidade política de garantir que essas (r)existências sejam evidenciadas e respeitadas enquanto mecanismo de garantia de direitos desses sujeitos.
▪Lutar por uma educação emancipatória para garantir o acesso e a permanência dos sujeitos no espaço escolar. É urgente que seja posto uma reformulação dos currículos da educação, em todos os seus níveis formativos, para que possamos garantir um espaço de direitos para todas e todos;
Proporcionar discussões com pessoas LGBT’s, aliados e famílias de modo que possamos acolher e integrar através do diálogo estas famílias e a população LGBT afim de garantir o debate sobre saúde mental, qualidade de vida, bem estar e prevenção do suicídio;
Combater o extermínio do povo negro LGBT precisa ser pauta prioritária entre o movimento organizado, que deve se voltar para uma prática de diálogo e de prática em constante de reflexão junto à comunidade;
▪Pensar uma perspectiva interseccional para a prática política do coletivo LGBT dentro do MNU;
▪Garantir a organização territorial e regional, proporcionando ações do Movimento Negro e LGBT para os mais diversos municípios dos estados brasileiros;
▪Ampliar discussões feministas interseccionais para as mulheres Lésbicas, Bissexuais, Trans e Travestis do campo e da cidade;
Ampliar os debates de raça, sexualidade e gênero para as populações do campo, possibilitando a construção do diálogo a partir da realidade dos povos tradicionais e comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas e rurais;
▪Por fim, é preciso que os diálogos em defesa das pessoas desviantes da norma de raça, de sexualidade e de gênero ultrapassem os espaços formativos do MNU e que alcancem espaços outros de organização social.
Deliberações finais:
Os Encontros Nacionais LGBTs do MNU devem ser realizados em agosto por conta do mês da visibilidade lésbica;
O III Encontro Nacional LGBT do MNU tem, como indicativo de data e local, os dias 23, 24 e 25 de agosto de 2019 no estado do Ceará;
Fica como indicativo de local, o estado Espirito Santo como sede do IV Encontro Nacional LGBT do MNU no ano de 2020;
Deliberamos filiar o MNU como entidade parceira a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transexuais, Travestis e Intersexos (ABGLT), a fim de garantir a voz e o debate racial para dentro desta Associação historicamente parceira e que reúne diversas organizações LGBTs do Bras

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