segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Crise não pode frear investimentos em mobilidade

Parceria com o setor privado pode ser a saída para viabilizar obras Planejamento é fundamental para contornar custos.
Dialogos Capitais
Martins, Pelissoni e Tadini participaram do painel "Como os estados estão driblando a falta de recursos públicos?" do seminário Diálogos Capitais - Mobilidade Urbana
A crise econômica é justificativa recorrente no discurso dos gestores públicos quando o assunto é atraso ou falta de investimento em mobilidade urbana. No entanto, o secretário de desenvolvimento urbano da Bahia, Carlos Martins, acredita que o baixo crescimento não pode frear o desenvolvimento do setor.
Segundo ele, seu estado é pioneiro numa ação para driblar o aperto das contas e criou uma empresa para captar no mercado recursos para o desenvolvimento urbano, a Bahia Investe, lastreada com imóveis e ações de empresas públicas do estado.
A ideia é criar fundos imobiliários, de infraestrutura e emitir debêntures para captar recursos, inclusive no exterior.A primeira ação é lançar um fundo, com a carteira formada por imóveis do centro histórico de Salvador para a revitalização da região.
Outra saída são as PPPs, as Parcerias Público-Privadas. Duas estão em estudo, uma delas prevê investimentos de R$ 7 bilhões para a construção da ponte Salvador-Itaparica.
Apesar disso, o secretário reconhece que a Bahia tem uma situação fiscal um pouco melhor que outros estados, já que sua relação entre receita líquida e dívida é de 0,53%, um fôlego de cerca de R$ 5 bilhões. A Lei de Responsabilidade fiscal impõe limite de 1%.
Para Martins, porém, a questão da mobilidade urbana precisa atravessar as fronteiras municipais em busca de uma solução única para regiões metropolitanas. Já foi criada na Bahia a entidade metropolitana, mas a prefeitura de Salvador entrou com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) para barrar a tentativa.
“A integração das soluções é parte fundamental na criação de uma cidade mais acessível”, defende.
A crise financeira e as dificuldades das empresas envolvidas na operação Lava-Jato são as dificuldades enfrentadas pelo Estado de São Paulo para dar finalizar os projetos já em andamento e iniciar novos.
"Hoje estamos fazendo esforço de não começar nada novo para poder concluir o que já começou. Trabalhávamos com um crescimento de 0,8% do PIB neste ano, mas ele pode cair 4%. É um desafio atrair investimento estrangeiro nessas condições", afirma o secretário de transportes metropolitanos do Estado, Clodoaldo Pelissoni.
Pelissoni afirma ainda que é um enorme desafio pensar em mobilidade num estado quem tem a terceira maior região metropolitana do mundo - atrás apenas de Mumbai e Tóquio - e uma frota de 8 milhões de veículos só na cidade de São Paulo. "Pensar mobilidade é correr atrás do prejuízo, é enxugar gelo", disse.
Para o secretário, a região metropolitana de São Paulo tem um desafio adicional, pois ainda passam pela região 150 milhões de toneladas de cargas todos os anos, mais 50 milhões por Santos, para o porto.
A saída para tirar do centro urbano a frota que transporta essas mercadorias seria o projeto do ferroanel, um sistema ferroviário paralelo ao rodoanel. "O Estado pede projetos que pensem no todo para que a execução seja mais tranquila."
Venilton Tadini, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib), não vê travas do setor privado para investir em infraestrutura da mobilidade. "O que falta é projeto. Se houver um bom projeto o capital privado estará sempre presente", afirmou. Segundo eles, há muitos grupos empresariais com liquidez esperando projetos maduros e com retorno atrativo para investir.
Tadini vê a burocracia e a falta de empenho político como as principais barreiras para o desenvolvimento de bons projetos de mobilidade. Ele lembra da construção da linha vermelha do metrô de São Paulo. À época, o executivo estava no BNDES. Quando o financiamento saiu, a primeira parte do projeto foi concluída em oito meses, segundo ele.
Para o presidente da Abdib há também uma falta de visão da função do transporte para o adensamento urbano. "Não adianta fazer a Avenida Paulista para depois passar o metrô por baixo. O transporte é componente para levar as pessoas para novas regiões e não um remédio para quando o caos já se instaurou. A lógica ainda é deixar encher para depois fazer. Fica tudo muito mais caro", critica.
Martins, Pelissoni e Tadini participaram nesta sexta-feira 28 do painel "Como os estados estão driblando a falta de recursos públicos?" do seminário Diálogos Capitais - Mobilidade Urbana.
saiu: ww.cartacapital.com.br

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