domingo, 26 de junho de 2016

entrevista com a pré-candidata a prefeita de Salvador Lidice da Mata do PSB


Lídice - Há nessa eleição uma disputa de estratégia entre alguns que acham, que a base deveria ter uma dispersão de candidaturas no máximo possível e outras que, como eu acham que nós deveríamos ter uma dispersão planejada, com candidaturas mais de centro-direita mas concentrando a unidade de centro-esquerda. Nós vivemos um momento político diferente do que tínhamos antes. Nós dizemos não vai ter golpe, mas o golpe já aconteceu, ele existe, é real e não está inteiramente concluído, mas nós estamos vendo que apesar de todo o esforço e a resistência dos segmentos democráticos, com também da base democrática de esquerda no Congresso Nacional, especificamente no Senado, neste momento, nós corremos o risco muito grande desse golpe se efetivar.
O&P - A senhora acha que não há como reverter, senadora?
Lídice - Há. Há como reverter, com um grande esforço...
O&P - Estamos falando de reverter quantos votos para impedir o impeachment?
Lídice - Cinco..., seis. Porque eles tiveram 55, mas haviam quatro ausentes, dos quais apenas um não vão votar, o que de certa forma já é positivo para a gente. Mas já tem dois que passaram para o lado do governo, ou seja, de 55 já são 57. Então, nessa situação, nós precisamos diminuir a vantagem, antes precisávamos diminuir dois e agora precisamos de cinco a seis votos para reverter, o que não seria impossível, mas num cenário onde a blindagem política feita pela imprensa ao governo de Temer é muito forte e uma blindagem também do Congresso...
 O&P - Mas, ele também está apanhando, a senhora não acha?
Lídice - Está apanhando, porque a imprensa, e quero dizer os grandes meios de comunicação, que fizeram uma carga tão forte sobre Dilma, se desmoralizam agora se não noticiarem o que está acontecendo, as denúncias contra Temer, a equipe de governo que ele montou já contaminada, já bichada, como diz o povo. Mas, a repercussão disso vem sempre acompanhada de uma blindagem, de uma notícia sobre economia, um elogio sobre a política econômica, sobre a equipe econômica.
O&P - Esse negócio de equipe é interessante. Falam bem da equipe econômica, falam mal da de Temer, falavam mal da de Dilma...
Lídice - Dilma, ao contrário, a grande resistência que ela começou a ter no Congresso Nacional se deu pela agilidade com que ela demitia cada ministro que tinha alguma acusação..., lá atrás.
O&P - A famosa faxina...
Lídice - Foi no começo do primeiro governo dela, tanto que ela cresceu muito na imagem popular com a idéia de que era uma faxineira, e isso surgiu para o Congresso como uma ameaça, quem tem uma posição dessa compra uma briga com o Congresso, o político que está lá se sente ameaçado por quem tem uma posição tão rígida. O discurso sobre Dilma no Congresso, especialmente na Câmara dos Deputados, é o de que ela só se preocupava com a sua própria defesa, não se preocupava em defender seus próprios aliados. Defender de que? Defender disso, das acusações de corrupção.
O&P - Não lhe incomoda um pouco ir contra a orientação do seu partido no caso do impeachment?
Lídice - A mim incomoda, mas, veja bem, o impeachment não é uma questão partidária, há causas e questões que elas não são de partido político, elas são de princípios e de consciência. Aliás, o impeachment em questão é, regimentalmente, um voto de consciência, os partidos políticos não deviam sequer indicar posição, os líderes partidários não poderiam encaminhar votação, porque essa é uma questão que diz respeito à consciência própria do parlamentar. Qualquer outra ingerência é não regimental. Então, na questão do impeachment, eu lamento tomar uma posição diferente da do PSB, mas lamento principalmente a posição do PSB, porque acho que a história do PSB não deveria levá-lo ao posicionamento que teve.
O&P - Para além do impeachment, senadora, como está a sua relação dentro do partido, em que o PSB nacionalmente está alinhado de uma forma diferente do seu alinhamento político aqui?
Lídice - O partido conhece a minha posição desde o início. A minha aliança com o PT quando foi realizada, em 2010, foi com o apoio da direção do partido, diria até com a bênção do Eduardo Campos, que aqui acompanhou de perto esse processo.  O respeito aos arranjos regionais é uma tradição do PSB, da mesma forma que o Eduardo, em pleno processo de campanha eleitoral, manteve a aliança com Flávio Dino, do PC do B, lá no Maranhão, até contra a posição do PT, que no Maranhão estava com os Sarney.  Então, o PSB sempre teve essa visão de respeito às circunstâncias nacionais. E ao final temos também uma postura de respeito uns aos outros, como dirigentes do PSB (Lídice é a presidente do diretório do partido na Bahia), mesmo com muita crítica à posição que a direção nacional do PSB tomou nesse processo, isso não nos faz desrespeitar politicamente ou pessoalmente qualquer dirigente ou criar um, ambiente de constrangimento entre nós. E eles também pensam assim. Vejam bem, a direção nacional tomou a posição, por ampla maioria, de que a executiva não indicaria ninguém para compor o governo de Temer, mas a bancada federal tomou uma decisão de indicar. É uma posição extremamente delicada, mas assim foi feito e tem se respeitado isso. Eu acho que o PSB vive um momento muito singular, diferente dos outros partidos todos, porque o PSB vinha se preparando para disputar a Presidência da República, tinha um candidato com muitas qualidades e preparado e esse candidato era ao mesmo tempo seu presidente e seu principal líder. Então, a perda de Eduardo não é possível ser ignorada e leva a um momento de maior dificuldade de unificação do partido, a despeito de todos os esforços nesse sentido da direção partidária. É difícil e o partido ainda vai viver esse momento de desconforto inicial até encontrar um novo momento.
O&P - Será que nesse momento não é o PT que está precisando de Lídice, de um nome sem questionamentos éticos?
Lídice - O PT tem nomes corretos, dignos, limpos, muitos, apesar desse tsunami que atingiu os partidos políticos, e em especial o PT, mas no caso da Bahia não tem ninguém indiciado ou atingido de forma tão avassaladora. O PT da Bahia teria nomes a colocar, o que talvez não tenha é nome com acúmulo eleitoral a ser colocado neste momento. Eu também tenho dito que fui prefeita de Salvador há 20 anos atrás, não estou e não estava candidata nesse nível de certeza, não é que não deseje, qualquer político que tenha vinculação de amor como eu tenho com Salvador claro que deseja governar sua cidade. Mas, eu venho de uma candidatura ao governo do estado, numa eleição que se deu num momento de grande dificuldade para o PSB, com um candidato que morreu no início da campanha e nós tivemos que assumir outra candidatura, com todos os percalços que isso veio a ter, sem recursos, então o PSB da Bahia saiu muito estressado emocionalmente do processo eleitoral e não investimos na idéia de imediatamente ter outra candidatura aqui em Salvador fosse comigo ou com qualquer outro quadro do partido. Essa será uma eleição em que 2018 estará muito presente, porque com a mudança do jogo nós estamos vivendo um momento político no Brasil como se estivéssemos em um campeonato onde o juiz apita a favor do adversário e já deu dois pênaltis ao adversário. É mais ou menos o que está acontecendo no Brasil.
O&P - Agora saiu uma pesquisa que mostra que o governador Rui Costa tem 61% de aprovação na capital. É isso que a gente queria perguntar, porque cresceu aqui em Salvador uma premissa de que Neto já está reeleito. A par de ser um negócio perigoso - basta lembrar que em 2006, na sexta-feira anterior à eleição, o pessoal de Paulo Souto, então governador e candidato à reeleição, deu um caruru comemorando antecipadamente a vitória...
Lídice - É..., parece que deram comida ao Orixá errado (risos)
 O&P - ...e Souto terminou perdendo no primeiro turno. Bem, em Salvador tem o fato de que o governo do estado tem feito obras importantes na capital, talvez mais do que a Prefeitura
Lídice - Veja bem, eu acho que nenhum governo tem feito tanto por Salvador quanto o governo de Rui. E, vamos ser justos, o de Wagner também. Não tenho dúvida de que isso tem repercussão eleitoral, dá uma condição muito grande de disputa ao campo do governo. E depois é o seguinte: quem está na frente é que tem a responsabilidade de manter a sua frente. Quem entra numa eleição dizendo que já ganhou é que tem a responsabilidade de mostrar que estava certo. Eu não adotaria uma estratégia dessa, mas eu entendo, é uma estratégia que pretende passar a impressão de que não precisa concorrer. É uma tentativa de intimidação do adversário.
O&P - Mas, voltando a essa pesquisa do Instituto Paraná que foi divulgada agora, além dos 61% de aprovação de Rui Costa na Capital, ela mostra também uma aprovação de ACM Neto de 86%. São forças antagônicas. A senhora acha que há alguma incongruência nisso?
Lídice - Com certeza. Há várias. Essa pesquisa, pelo que eu li, expressa um nível de incongruência muito grande se você pega a média do que vem sendo registrado em outras pesquisas. Além do que, acho que a pesquisa séria é apenas uma fotografia de momento, que você tem que usar para estudar tendências, porque o que importa numa campanha eleitoral, vocês da comunicação sabem melhor do que eu, é o estudo das tendências. Então, eu não levaria a sério nenhuma pesquisa antes de 45 dias do período eleitoral, quando nem chapa nem candidatos estão definidas. Bem, eu acho que ter mulher na disputa é bom para o Brasil.
O&P - A senhora é a candidata in pectoris  do governador Rui Costa?
Lídice - Não, ele chegou a manifestar uma simpatia muito grande pela candidatura de Olívia (Santana, do PC do B) e como nós estávamos preparados até para apoiar outras candidaturas nós não construímos o caminho da candidatura própria. Eu agradeço e acho um gesto generoso do governador fazer esse movimento, mas eu acho que nós temos que lutar ao máximo pela unidade desse campo.
O&P - E como vai ser disputar a Prefeitura com sua amiga, a deputada Alice Portugal?
Lídice - Eu espero que isso não tenha que acontecer. A Alice é um grande nome, uma mulher muito digna. E eu confesso até uma certa frustração, eu fui prefeita há vinte anos atrás e não é possível que em vinte anos nós não tenhamos outra mulher que possa enfrentar essa batalha política e afirmar..., eu não quero ser a única em nada não, isso é até uma revelação de que nós avançamos pouco na nossa luta pela igualdade. Então, eu não teria qualquer constrangimento em apoiar Alice. Acho que no entanto, hoje, nós não construímos isso ainda, pode ser eu, pode ser Alice, o que precisa é ter uma construção, botar pedra sobre pedra e o cimento no meio. Senão nós corremos o risco de ir para uma eleição em que nós vamos enfrentar um representante do governo que aí está, do governo golpista, porque é isso, queiramos ou não, numa situação com certa adversidade e sem uma unidade da nossa base, correndo um risco de ter entre nós hostilidades, feridas, que não são as necessidades desse momento, mas sim unir cada vez mais as forças de esquerda, mesmo as que não estiveram com Dilma, como o PSOL, que teve uma posição muito coerente de crítica pela esquerda, mas que na hora, entre a democracia e o golpe escolheram pelo princípio, que é a democracia. Então, nós estamos na hora de juntar essa gente. O nosso campo de batalha é esse, é o Fora Temer como uma referência de luta democrática.
O&P - E esse campo de batalha, seja qual for o nome, o seu ou o de Alice Portugal, o que é que precisa apresentar a Salvador para fazer bem esse contraponto com o prefeito ACM Neto?
Lídice - Primeiro, pode e deve demonstrar o que o governo do estado, como represente de um campo democrático, fez por Salvador e continuará fazendo, depois apresentar um projeto para a cidade, democratizante. E democratizar a cidade não é apenas o governo investir tanto na orla atlântica freqüentada mais pela classe média, e fazer uma intervenção semelhante na orla do Subúrbio ou na orla da Baía de Todos os Santos. Não é isso. É democratizar de fato o acesso à educação, aos serviços de saúde, é promover o aproveitamento da cidade pelo conjunto da população, é ter formas de construir a participação política, democrática da cidade nas decisões sobre ela. Isso é uma forma de pensar a cidade diferente da que nós temos hoje. A gestão, tradicionalmente, dos segmentos conservadores da Bahia se dá sempre com a idéia do déspota esclarecido, uma velha referência do passado, o sábio que por qualquer circunstância é parte da elite que governa o estado e a cidade, essa elite se reúne e decide o que é bom para o povo. Nesse processo, termina fazendo algumas coisas interessantes para o povo, mas sem a participação. Isso deu muito certo e é referência do século XIX, do absolutismo, mas na modernidade, nos desafios que o mundo tem hoje, que não são pequenos. Você veja a Europa, invadida de um lado pelo resultado da sua política de dominação no Oriente Médio, tem o terrorismo..., o Brasil está fora de tudo isso, mas é submetido a um regime de insegurança social permanente sobre o cidadão, de insegurança pública, que não é responsabilidade de um governo, de um governador, de um presidente da República, mas é responsabilidade de um país que nós criamos com um profundo apartheid, uma profunda separação. A desigualdade continua sendo a marca deste país. Nós avançamos, de um lado, com muitas restrições, muitos limites, e esses pequenos avanços que demos foram considerados quase que inaceitáveis pela elite brasileira. Com a cidade, é a mesma coisa. Nós conseguimos avançar, fazer pequenos avanços na estrutura de uma cidade como é Salvador, mas ainda é muito pouco para as necessidades que o povo tem de ter oportunidades. Eu acho interessante que todos concluam que os meninos de 12, 14 anos estão com armas na mão, mas ninguém se pergunte qual é a responsabilidade de todos nós nisso, de todos os governos que passaram pela cidade ao longo da sua história. Quando foi prioridade para os governos municipais a igualdade social, o cuidado com as pessoas, a inclusão social como meta essencial. Temos sempre prefeitos falando sobre a economia da cidade, sobre as obras da cidade e olhe lá... Eu vi recentemente que colocaram cactos sob alguns viadutos, numa clara manifestação de que o povo não podia estar ali. Quer dizer, aqueles que estão morando, vivendo na rua, além de não contarem com uma política agressiva de cuidado, estão sendo desalojados dos viadutos. Isso me parece uma visão cruel da cidade, na minha concepção.
O&P - Voltando ao plano nacional, senadora, o que a senhora acha da tese de realização de nova eleição presidencial?
Lídice - Eu sou adepta total. Alguns companheiros da esquerda e do PT confundem, acham que é ficar contra Dilma. Não é isso...
O&P - A própria Dilma parece que hoje já começa a admitir...
Lídice - É isso. Todo impasse político de gravidade tem que ter uma saída. E quando você não encontra saída para o impasse político, se vai para a guerra civil ou para a guerra externa. Se não queremos a guerra, se não queremos pegar em armas, nós temos que ter uma saída que seja a mais ampla possível, envolvendo ao máximo a população e que fuja ao máximo dos acordos de gabinete. Quando eu ouço uma gravação como aquela de Romero Jucá, o que é didático ali não é nem ver ele cometendo um crime contra a Operação Lava Jato ou coisa parecida, é cometendo o crime, entre aspas, de desestabilização do governo. O que Romero diz e prega, e é a opinião dele, é que a saída da crise é tirar a presidente eleita. Se nós entramos num impasse em que a presidente não tem mais o apoio do congresso, que é aquilo que lhe respalda para governar, e vive um momento de impopularidade, que tem dificuldade com parcela da população, a saída para a crise é chamar a população a decidir sobre a crise. E decidir sobre a crise é convocar uma nova eleição, é o reconhecimento de que nós entramos num processo de crise tal, em que a presidente já sofreu uma admissibilidade de impeachment, já sofreu uma segunda admissibilidade de impeachment e que portanto para sair disso, sair de um governo que é interino, ilegítimo e incapaz de dar uma solução para a crise.
O&P - Então, é impeachment ou eleição?
Lídice - O impeachment não vai ser solução nem para o governo, nem para o povo e nem para a oposição, que não tem legitimidade para conduzir o país agora, porque o impeachment foi uma solução de confronto, não foi de pacificação da sociedade brasileira. Foi de confronto e de um confronto com conspiração. Temer perdeu a legitimidade de governar o país porque ele foi parte da conspiração, ele entrou na conspiração de cabeça, ele negociou a conspiração, ele negociou um resultado favorável a ele, pediu voto como se fosse uma eleição, transformou a Câmara dos Deputados em um colégio eleitoral. E isso é comportar-se ao arrepio da Constituição, sim. Havendo a pedalada fiscal, sendo ela vista como uma situação de infração da presidente, por que não viram antes como tal por outros presidentes e governadores. Vejam bem, o relator do processo de impeachment no Senado Federal, então, praticou o mesmo crime como governador de Minas Gerais. Isso é de uma gravidade extraordinária. Os conspiradores se beneficiam do fato de o povo não compreender sequer o que é pedalada fiscal. É um crime tão elitista, tão incompreensível que o povo não consegue mesmo perceber o que exatamente está acontecendo, a gravidade do que é se afastar uma presidente de República por causa disso.
O&P - A senhora esteve recentemente em uma reunião do Parlamento Europeu. Como anda a imagem do Brasil por lá?
Lídice - Eu participei do Parlamento Europeu, numa sessão euro-latina realizada em Lisboa e quando se discutiu o que estava acontecendo no Brasil nem a oposição da Venezuela teve a ousadia de fazer uma defesa do impeachment, um deputado oposicionista chegou a dizer:"Não, isso não tem nada a ver conosco. Nós na Venezuela queremos ganhar pelas eleições". Na América Latina, a posição contra o golpe foi uma unanimidade.  Já na Europa, eles não conseguem sequer entender o porque estava existindo isso. Eu vi o depoimento de um deputado europeu que disse que nunca a imagem do Brasil foi tão ruim quanto com a cena da Câmara dos Deputados votando o impeachment da presidente Dilma.
O&P - E além da eleição, senadora, o que a senhora vislumbra para o futuro do Brasil?
Lídice - Uma coisa tem que ser colocada para reflexão, que é o fato de que o nosso sistema político-eleitoral se esgotou totalmente...
O&P - Mas a senhora acha que é possível fazer uma reforma política dentro do Congresso, com a configuração que ele tem hoje?
Lídice - Eu acho que é muito difícil, mas com o povo nas ruas e um nível de participação nós temos que fazer algumas mudanças. Veja bem, eu, por exemplo, sou favorável a uma Constituinte exclusiva para fazer a reforma política, mas a OAB é contra, diz que é impossível porque você não pode dar todo o poder e limitar o poder ao mesmo tempo. Então, quando você dá todo o poder para uma Constituinte você não pode limitar a um tema. Eu acho que faz sentido. Se for assim, eu não quero uma nova Constituição agora, porque não é só o Congresso que está aí, são as regras do jogo da sociedade brasileira. E nós teremos um retrocesso importante nos direitos fundamentais. Aqui pra nós, com os homofóbicos à solta e em ação nós não garantiríamos o que hoje está garantido na Constituição do Brasil. Então, por isso ela teria que ser exclusiva, assim definida e permitida pelo STF, para que só se candidatasse para um mandato constituinte e as pessoas não poderiam se candidatar logo, teriam que ter uma quarentena de uma eleição, para poder constituir uma coisa que pudesse refletir um novo momento. Com esse Congresso que está aí, e com nenhum Congresso, você faz uma reforma para valer, porque senão o cara vai pensar como é que vai ser eleito.
O&P - Na sua opinião, o que a reforma política deveria contemplar?
Lídice - Tem uma questão central no Brasil, no processo democrático: a fidelidade partidária tem que compor esse quadro aqui. E como é que esse modelo chega? Cada país tem um jeito e nós temos que encontrar uma maneira para isso acontecer, que não seja apenas a formalidade. E outro ponto: quantos partidos cabem num processo de concertação política de governabilidade? Claro que não podem ser 40, mas nós também não podemos determinar por lei que só podem existir três, senão a gente terminaria tendo um processo anti-democrático. O problema não é o número de partidos, mas a regra que faz o processo eleitoral. Não dá, por exemplo, e esse é um erro nosso, é em nome de manter o PC do B, sempre flexibilizar uma coligação. O processo como está, ou a gente acaba com a coligação proporcional ou a gente define na lei que o partido só recebe fundo partidário se ele tiver candidato majoritário, coisas assim que amarrem, que não permitam que o fundo partidário e o tempo de televisão se transformem no mercado venal que temos hoje no Brasil.
saiu: http://opiniaoepolitica.com.br/

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